quarta-feira, 28 de maio de 2008

Do quão difícil é fazer sons com a voz

É tão difícil isto de trazer a voz ao peito.
É quase como um sacerdócio, como dizia a Elis.
Temos de olhar ao que comemos, porque existem mil e uma coisas comestíveis que a podem agredir. Temos de estar sempre alerta, para atacar qualquer constipação que se comece a adivinhar a tempo e horas. Temos de ter a dispensa bem abastecida com chás de vários tipos e mel, já para não falar das folhas de eucalipto e vick vap-o-rub, mezinha que nunca falha, quando se trata de vias respiratórias congestionadas.
Temos de nos precaver de mudanças súbitas de temperatura e andar a fugir de fumos, ares-condicionados, poeiras e afins como o diabo da cruz. Temos de dormir como deve ser, a horas certinhas, para a voz poder estar bem descansada. E temos de beber água como um alcoólico bebe vinho, para ficarmos com as cordas vocais bem hidratadas. Se tudo isto estiver a correr bem, ainda há que ter cautela nos ensaios de som, com a eterna luta dos cantores: há que ter o melhor som possível, mas não podemos estar a cansar a voz com ensaios muito longos e exaustivos...
Depois de tudo isto assegurado, ainda há que vencer o pior inimigo de um cantor: a sua cabecinha. Se, na sua cabeça, tudo estiver a postos e sentirmos que a voz está bem, então tudo irá estar mesmo bem.
No final, é só cantar.
Tão fácil que parece. E tão natural. E é. É natural, cantar. Não é é fácil ser-se cantor...