Lembro-me de ir a correr para casa, depois das aulas do Secundário, para poder estar à vontade, no sossego do meu quarto, a tocar e cantar as minhas músicas. De levar a guitarra para a escola, para o poder fazer no intervalo.
Depois, quando entrei para a Universidade, a mesma coisa: ora levava a minha guitarra e me sentava no relvado em frente ao Bar Novo, ora ia a correr para casa para cantar.
Desde há uns anos para cá, o tempo que passo a cantar tem vindo progressivamente a suplantar o tempo que passo calada (que já era pouco, que sou moça faladeira) e a necessidade de gerir bem este instrumento que carrego no corpo deixa-me muito pouca margem para o canto a gusto. Mas não me faltam ganas de cantar. Pelo contrário. Para quem, como eu, define a sua vida através da música, haverá sempre uma canção para cada sentimento, para cada emoção que experimentamos na vida. E quando assim é, a vontade de cantarmos para espantarmos os nossos males ou aconchegarmos os nossos bens é muita. Mas não posso. Porque amanhã há concerto. Porque ontem tocámos e tenho a voz cansada. Porque estou naquele período sagrado de descanso vocal, entre concertos.
Mas como sou uma rapariga teimosa, mesmo que não possa vocalizar a música que ouço na minha cabeça, canto para dentro. Fecho os olhos, tapo os ouvidos e ponho-me alegremente a cantar para dentro.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
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