Lembro-me de ir a correr para casa, depois das aulas do Secundário, para poder estar à vontade, no sossego do meu quarto, a tocar e cantar as minhas músicas. De levar a guitarra para a escola, para o poder fazer no intervalo.
Depois, quando entrei para a Universidade, a mesma coisa: ora levava a minha guitarra e me sentava no relvado em frente ao Bar Novo, ora ia a correr para casa para cantar.
Desde há uns anos para cá, o tempo que passo a cantar tem vindo progressivamente a suplantar o tempo que passo calada (que já era pouco, que sou moça faladeira) e a necessidade de gerir bem este instrumento que carrego no corpo deixa-me muito pouca margem para o canto a gusto. Mas não me faltam ganas de cantar. Pelo contrário. Para quem, como eu, define a sua vida através da música, haverá sempre uma canção para cada sentimento, para cada emoção que experimentamos na vida. E quando assim é, a vontade de cantarmos para espantarmos os nossos males ou aconchegarmos os nossos bens é muita. Mas não posso. Porque amanhã há concerto. Porque ontem tocámos e tenho a voz cansada. Porque estou naquele período sagrado de descanso vocal, entre concertos.
Mas como sou uma rapariga teimosa, mesmo que não possa vocalizar a música que ouço na minha cabeça, canto para dentro. Fecho os olhos, tapo os ouvidos e ponho-me alegremente a cantar para dentro.
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15 comentários:
ANA
CÁ ESTOU AQUI DE NOVO.
CANTAR APAZIGUA A DOR. UMA VOZ FEMININA FAZ ESQUECER A DOR.
É ESTA A DISTINÇÃO ENTRE UMA BOA E UMA MÁ VOZ.
UMA BOA VOZ PODE TER MESMO ESFEITOS CURATIVOS.
UMA BOA VOZ FAZ PELE DE GALINHA NOS OUVINTES.
A TRADIÇÃO POPULAR ORAL ESTIPULOU:
«QUEM CANTA SEU MAL ESPANTA»
«QUEM CANTA ZOMBA DA MORTE.»
«QUEM CANTA REFRESCA A ALMA»
«QUEM CANTA NÃO CANTAREJA»
DEPOIS DISTO VAMOS ÀS SUGESTÕES MUSICAIS:
-BUFFY SAINTE-MARIE(temas My Country'Ties of Thy People...;Universal Soldier;Soldier Blue)
- O tenor MARIO DEL MONACO na ópera Pagliacci de Leoncavallo
-Canon in D Major(ou Re Maior)do compositor Johann Pachelbel(ouvir qualquer interpretação)
-A vocalista da recente banda estado-unidense HEADLESS HEROES(dentro da área de trabalho de todas as vozes femininas da folk estado-unidense/canadiana)
Paulo Pinto
O "fado" não é mau, não... é excelente! Fui ouvir a canção ali ao lado, a Alcochete. Afinal, por muito que se cante a mesma letra, o sentido (e a energia)não se perde mesmo!
Agora a pergunta:
E o cantar LÁ fora? Para pessoas que não entendem a nossa língua? É um desafio interessante, certamente, poder contar apenas com a melodia e a capacidade interpretativa para passar a mensagem... Como é?
Força nessa voz, que continua avassaladora.
Muito obrigada pelas palavras, "da damaia". Fico muito contente que tenhas gostado do concerto em Alcochete. Como de costume, a resposta à tua pergunta virá não tarda num post aqui ao lado. ;o )
Bem...nunca tinha pensado nisto que escreveste, mas é sem dúvida uma questão que atormenta, secalhar não só a ti, mas a mais cantores, eu quando canto no karaoke, quase que fico sem voz lol secalhar é por causa dos nervos ou de fazer tenta força heheh
Encontramo-nos em Constância no concerto e nas tasquinhas ok?
Beijo
Voltem depressa ao Theatro Circo. Esperamos por essa magnífica voz e por todo o encanto dado a cada nota tocada.
Querida Ana,
Daqui do outro lado do Atlântico, fico feliz de ouvir sua voz ecoando mar afora. Topei Deolinda no Porto e trouxe aqui para o Brasil. Primeiro veio a voz. Os Deolinda poderiam chegar também. Fico aqui com meu português do Brasil cantando as músicas daí, soam diferente, mas me faz tão bem este cantar. Devíamos ter mais músicas daí aqui. Aportuguesar nossos ouvidos e as almas. Beijos do Brasil, da outra Ana, a de cá.
Eu também canto para dentro, mas o motivo é que sou uma cana rachada, quer dizer estou para o canto como para a engenharia nuclear.
Eu faço parte dos que ouvem e apreciam os bons cantores, como tu que tem a alma na voz.
Sou um apreciador do que eu considero boa musica, gosto principalmente da cantada em português.
Gosto muito do teu / vosso trabalho é muito original e de muito bom gosto, parabéns por isso.
Ana, fico muito feliz por esse acolhimento do lado de lá do Atlântico. Adoramos o Brasil e esperamos ansiosos uma possibilidade de aí ir tocar. Seria uma felicidade para nós. Muito obrigada pelas palavras e pela força e um grande beijinho da outra
Ana.
A Troca-Letras e Luís Peixoto,
um enormíssimo muito obrigada pelas vossas palavras!
No outro regime, conservador de costumes e cheio de moralismos, as cantigas sofriam duas censuras: a oficial e a interna (no caso das emissoras radiofónicas). Todos os cantores podiam existir e cantá-las.Porém, nos concertos eram interrompidas(e os músicos fugiam) e nas rádios as faixas eram riscadas(sobretudo na EN).
Nos nossos dias ainda há outra censura: a auto censura. Também há o preconceito musical de muitos críticos de música. Muitos deles nem sequer são músicos...
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Provérbios:
Cantar bem é de poucos.
Cantar adoça o sofrer.
Cantar a andar encurta caminho.
Cantam os melros,calam-se os pardais.
Foi a sabedoria popular.
Abraço ao grupo.
Paulo Silva Pinto
Foram-me apresentados por um amigo que partilha o mesmo gosto pela música que eu. Quando ainda poucos vos tinham descoberto. Apaixonei-me. Já vos vi duas vezes em Braga e parece que não tarda o meu coro vai cantar antes de vocês no Enterro da Gata em Braga.
Parabéns por te ires realizando a fazer o que gostas. Espero que esse canto para dentro seja apaziguador. Infelizmente a azafama do dia a dia faz-nos deixar coisas para trás, mas não quer dizer que isso seja mau.
Beijo
e eu bem me lembro, desses tempos do secundário, parece que ainda foram ontem.
ainda tenho algumas coisas em video 8 se algum dia quiseres recordar aqueles lanches fabulosos seguidos de concertos caseiros, demais mesmo.
até nas alturas que cantas para dentro (e baseando-me nas tuas palavras) sentes uma alegria/felicidade enorme. Que bom!
é óptimo quando temas o prazer de fazer aquilo que gostamos!
Parabéns pelo trabalho realizado!!
(e pela voz :))
Bons concertos em Barcelos e em Braga na queima. Estive nos dois... e valeu bem a pena.
Afonso
E cada vez que leio outro post penso: Oh diabo! Eu também sou assim...
Sou moça que fala bastante também, ora pois tá claro, esperar que os outros digam tudo? Naaa.
Ainda tenho de levar a minha guitarra para a faculdade, ainda não o fiz. Mas como quero fazer boa figura ainda tenho muito que aprender em casa. Eu com os meus botões e com as minhas cordas.
XxX
VIVA
SAUDAÇÕES A TODOS
Na história da música folk tivemos Judy Collins uma estado unidense que cantou desde temas tradicionais a músicas da sua autoria passando pela interpretação de temas de Pete Seeger, Leonard Cohen...
Ouçam-na. Desde 1964 a 1975. Esteve recentemente em Portugal já com 70 anos mas com a voz certa.
A outras raparigas que devem gostar dela como Alela Diane...
Até Breve
Paulo Silva Pinto
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